Coisas inteligentes - Uma revolução silenciosa
A interconectividade dos equipamentos, apoiada pela computação em nuvem e pelo Big Data, está transformando setores como o da pecuária
Por Francisco Jardim, com a colaboração de Thiago Lobão - Revista PEGN
Muito se fala sobre a revolução tecnológica proporcionada pela internet das coisas. Em algum momento, a interconectividade entre equipamentos por meio da web afetará a vida de todos. Trata-se de uma tendência incontestável, forte diretriz de P&D em gigantes como Google, Intel, Apple, Cisco, Ericsson e General Electric.
São inúmeras iniciativas. Talvez as mais conhecidas ainda sejam as casas inteligentes, com níveis de automação cada vez mais sofisticados, nas quais até uma banheira pode ser acionada a distância, pelo simples toque de um smartphone. Existe muita expectativa sobre os carros autônomos (que operam sem motorista), plenamente sensoriados, capazes de tornar real um cenário até então encarado como fantasia de desenho futurista. O Google já iniciou ações rumo à regulamentação desses veículos nos Estados Unidos e, em breve, robôs de quatro rodas poderão aparecer por aí, correndo pelas estradas sem qualquer intervenção humana.
Esse novo mundo de casas e carros inteligentes pode até soar hoje como ficção científica, mas é na verdade fruto de uma visão de P&D madura, baseada no avanço de tecnologias ligadas a um conceito relativamente antigo, o M2M (machine to machine – máquina para máquina). Na grande maioria dos segmentos industriais, o acionamento automático de equipamentos por meio de outros equipamentos é uma premissa operacional, uma exigência mínima para o funcionamento adequado de linhas de produção. O boom da robotização dessas indústrias foi consequência dos avanços tecnológicos em elementos de sensoriamento e autuação, sistemas em engenharia que nunca mais se separaram depois do advento da telemetria e da disseminação do uso de microcontroladores.
São inúmeras iniciativas. Talvez as mais conhecidas ainda sejam as casas inteligentes, com níveis de automação cada vez mais sofisticados, nas quais até uma banheira pode ser acionada a distância, pelo simples toque de um smartphone. Existe muita expectativa sobre os carros autônomos (que operam sem motorista), plenamente sensoriados, capazes de tornar real um cenário até então encarado como fantasia de desenho futurista. O Google já iniciou ações rumo à regulamentação desses veículos nos Estados Unidos e, em breve, robôs de quatro rodas poderão aparecer por aí, correndo pelas estradas sem qualquer intervenção humana.
Esse novo mundo de casas e carros inteligentes pode até soar hoje como ficção científica, mas é na verdade fruto de uma visão de P&D madura, baseada no avanço de tecnologias ligadas a um conceito relativamente antigo, o M2M (machine to machine – máquina para máquina). Na grande maioria dos segmentos industriais, o acionamento automático de equipamentos por meio de outros equipamentos é uma premissa operacional, uma exigência mínima para o funcionamento adequado de linhas de produção. O boom da robotização dessas indústrias foi consequência dos avanços tecnológicos em elementos de sensoriamento e autuação, sistemas em engenharia que nunca mais se separaram depois do advento da telemetria e da disseminação do uso de microcontroladores.
Numa visão bastante simplista, porém didática, pode-se entender a internet das coisas como o resultado do encontro da telemetria e do controle com as infinitas possibilidades trazidas pela internet e, mais especificamente, pelo cloud e seu fiel novo escudeiro: Big Data. O infinito espaço de armazenamento e processamento de dados na nuvem permite a criação de algoritmos para a automação de praticamente tudo o que é fabricado pelo homem, transformando em robôs coisas que até então pareciam triviais, como eletrodomésticos, roupas e, por que não, medicamentos. A nanominiaturização dos sensores é a base tecnológica de toda essa “inteligência artificial”, dando vida a objetos que, agora, além de produzidos, são “educados” por linhas de código e “controlados” por redes wi-fi e/ou 4G.
Essa revolução pode soar como algo muito distante da realidade dos brasileiros, mas a internet das coisas já deixou de ser só hype no mercado americano. A Nest Labs, por exemplo, uma fabricante de termostatos inteligentes, gerou grande estardalhaço ao ser adquirida pelo Google por US$ 3,2 bilhões. Numa primeira impressão, um assunto tão recente lá fora poderia estar a anos-luz de ser pauta de desenvolvimentos locais. No entanto, a criatividade brasileira vem mostrando que os objetos já estão aprendendo a conversar entre si em bom português. E não é só em multinacionais, mas também em setores tradicionalmente brasileiros e com startups locais.
Exemplos podem ser encontrados no agronegócio, principalmente relacionados às dificuldades de gestão de ativos no campo. O sensoriamento de plantadeiras, implementos e, em especial, de colheitadeiras e veículos de transporte já é uma crescente realidade, particularmente no segmento sucroenergético, em que ainda persiste um grande vazio de informação na gestão de atividades de campo. Fazer com que os equipamentos agrícolas conversem automaticamente com a linha industrial, por meio de conceitos de internet das coisas, permite um aumento significativo da previsibilidade na produção, garantindo expressivos ganhos de produtividade. As coisas do campo, portanto, começam a aprender a falar a língua das coisas na fábrica. O empreendedor agrícola brasileiro, acostumado a incorporar biotecnologia e tecnologia da informação ao dia a dia para gerenciar a enorme volatilidade inerente ao campo, se torna um early adopter dessa revolução tecnológica. Em 2013, a companhia eleita mais inovadora da América Latina pela revista Fast Company foi a ex-startup (hoje já gente grande) Enalta, pioneira do setor de internet das coisas para o setor agro.
Essa revolução pode soar como algo muito distante da realidade dos brasileiros, mas a internet das coisas já deixou de ser só hype no mercado americano. A Nest Labs, por exemplo, uma fabricante de termostatos inteligentes, gerou grande estardalhaço ao ser adquirida pelo Google por US$ 3,2 bilhões. Numa primeira impressão, um assunto tão recente lá fora poderia estar a anos-luz de ser pauta de desenvolvimentos locais. No entanto, a criatividade brasileira vem mostrando que os objetos já estão aprendendo a conversar entre si em bom português. E não é só em multinacionais, mas também em setores tradicionalmente brasileiros e com startups locais.
Exemplos podem ser encontrados no agronegócio, principalmente relacionados às dificuldades de gestão de ativos no campo. O sensoriamento de plantadeiras, implementos e, em especial, de colheitadeiras e veículos de transporte já é uma crescente realidade, particularmente no segmento sucroenergético, em que ainda persiste um grande vazio de informação na gestão de atividades de campo. Fazer com que os equipamentos agrícolas conversem automaticamente com a linha industrial, por meio de conceitos de internet das coisas, permite um aumento significativo da previsibilidade na produção, garantindo expressivos ganhos de produtividade. As coisas do campo, portanto, começam a aprender a falar a língua das coisas na fábrica. O empreendedor agrícola brasileiro, acostumado a incorporar biotecnologia e tecnologia da informação ao dia a dia para gerenciar a enorme volatilidade inerente ao campo, se torna um early adopter dessa revolução tecnológica. Em 2013, a companhia eleita mais inovadora da América Latina pela revista Fast Company foi a ex-startup (hoje já gente grande) Enalta, pioneira do setor de internet das coisas para o setor agro.
No segmento pecuário, a adesão de brincos de identificação de gado, já disseminada entre os produtores, ganha ares de futurismo na substituição dos antigos registros e códigos de barras por etiquetas (tags) de radiofrequência e, ainda mais recentemente, por Beacons – tags ativas que conseguem enviar informações e comandos entre si, criando redes de sensoriamento e controle a distância. Trata-se de um cenário de gestão de gado “3.0”, em que sensores instalados nos próprios bois criam uma rede automonitorada, conectada à web. Startups brasileiras, como a BovControl, estão entre os maiores destaques do mundo em tecnologia para a pecuária.
O uso de beacons para bois ganha analogias igualmente criativas fora do campo. Um exemplo com boa tração no mercado é o uso de dispositivos para o rastreamento colaborativo de veículos (motos, principalmente), sem a necessidade do uso de sistemas de rastreamento via satélite e seus altos custos de infraestrutura de telecomunicação. Um grande case de sucesso local é a startup SportyMoto. Outra boa analogia está no mercado de gestão de ativos móveis, utilizando beacons para gestão automatizada de estoques e também na facilitação do trabalho de inventariado, hoje serviço faraônico de final de ano em muitas corporações, em especial aquelas auditadas. Outra startup nacional vem desbravando esse campo: RFIdeas, uma das finalistas do Desafio Brasil 2013.
A internet das coisas está invadindo o Brasil com uma revolução silenciosa, pois ainda está bastante focada no B2B (soluções corporativas). Mas é uma questão de tempo até que migre também para aplicações do consumidor final (B2C), interligando nossos apartamentos, carros e outros ambientes pessoais. Como usuários, teremos ganhos enormes de produtividade, mas alguns alcançarão conquistas ainda maiores ao protagonizar essa onda. As oportunidades para empreender no ecossistema de internet das coisas são vastas. Basta acessar o Tech Crunch regularmente para ver as startups que estão surgindo e vencendo no mercado americano. Imitar e lançar um modelo de negócio ajustado ao Brasil pode ser uma das grandes oportunidades do momento. Dinheiro de investidor não vai faltar.
O uso de beacons para bois ganha analogias igualmente criativas fora do campo. Um exemplo com boa tração no mercado é o uso de dispositivos para o rastreamento colaborativo de veículos (motos, principalmente), sem a necessidade do uso de sistemas de rastreamento via satélite e seus altos custos de infraestrutura de telecomunicação. Um grande case de sucesso local é a startup SportyMoto. Outra boa analogia está no mercado de gestão de ativos móveis, utilizando beacons para gestão automatizada de estoques e também na facilitação do trabalho de inventariado, hoje serviço faraônico de final de ano em muitas corporações, em especial aquelas auditadas. Outra startup nacional vem desbravando esse campo: RFIdeas, uma das finalistas do Desafio Brasil 2013.
A internet das coisas está invadindo o Brasil com uma revolução silenciosa, pois ainda está bastante focada no B2B (soluções corporativas). Mas é uma questão de tempo até que migre também para aplicações do consumidor final (B2C), interligando nossos apartamentos, carros e outros ambientes pessoais. Como usuários, teremos ganhos enormes de produtividade, mas alguns alcançarão conquistas ainda maiores ao protagonizar essa onda. As oportunidades para empreender no ecossistema de internet das coisas são vastas. Basta acessar o Tech Crunch regularmente para ver as startups que estão surgindo e vencendo no mercado americano. Imitar e lançar um modelo de negócio ajustado ao Brasil pode ser uma das grandes oportunidades do momento. Dinheiro de investidor não vai faltar.
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