Uma cidade dinamarquesa está testando um sistema que detecta a presença de bicicletas em cruzamentos e gerencia automaticamente os semáforos
Em uma rua movimentada de Aarhus, foram instalados dois leitores RFID, um em cada lado do cruzamento, para identificar a presença de ciclistas |
Por Claire Swedberg - Fonte: RFID Journal Brasil
Os semáforos ficam verdes para os ciclistas automaticamente em um determinado cruzamento em Aarhus, na Dinamarca, após a implantação de um teste com uma solução de identificação por radiofrequência (RFID) passiva, conhecida como 2Green, fornecida pela ID-advice. Com tags RFID anexadas a bicicletas e leitores instalados no cruzamento, o sistema pode detectar quando um ciclista está se aproximando e alternar a luz do semáforo. Esses dados também são coletados para fins de análise de tráfego.
A solução faz parte do projeto europeu conhecido como Radical, lançado em 2013 para desenvolver cidades inteligentes usando internet em serviços turísticos. Seis cidades em outros tantos países europeus estão no projeto Radical, usando uma variedade de tecnologias para outras aplicações de Cidades Inteligentes. "Aarhus é conhecida por ser uma cidade de ciclismo e também tem uma estratégia clara para ser uma cidade inteligente, neste caso, combinando a tecnologia RFID com segurança para bicicletas”, diz Louise Overgaard, consultora de desenvolvimento da cidade.
Aarhus, a segunda maior cidade da Dinamarca, é o lar de milhares de ciclistas, muitos dos quais são estudantes universitários. A cidade optou por testar um sistema que permitisse que ciclistas pudessem se mover com segurança por cruzamentos rapidamente, enquanto os veículos sempre têm de parar quando as bicicletas estão na interseção. A solução, no entanto, precisa ser suficientemente flexível para ser ignorada em alguns casos, como quando a preferencial se reverte para um veículo de emergência.
A cidade já vem trabalhando em um projeto focado na melhoria do acesso de bicicletas ao centro da cidade para os viajantes que vivem nos subúrbios, de acordo com Pablo Celis, gerente daAarhus Cykelby (Aarhus Cidade das Bicicletas), agência que faz parte da divisão de trânsito de Aarhus e que está coordenando o projeto de RFID. Nesse esforço, a cidade instalou uma "superestrada" que consiste em uma ciclovia na qual os ciclistas podem viajar de 15 a 20 quilômetros de fora da cidade para o distrito comercial. Uma única autoestrada de bicicletas foi construída até agora, mas há outras obras em andamento.
Aarhus optou por testar uma solução de RFID em 2012. De acordo com Rita Westergaard, gerente de soluções de negócios da ID-advice, sua empresa oferece soluções de baixa frequência (LF) e alta frequência (HF) para lavanderia, rastreamento de ferramentas ou para uso em centros de ciência, assim como utiliza a tecnologia de ultra-alta frequência (UHF) para eventos desportivos e culturais. A empresa está agora comercializando uma versão comercial da tecnologia de semáforos 2Green.
A cidade decidiu "testar o serviço em um cruzamento cuidadosamente selecionado", diz Overgaard. O cruzamento tem tráfego elevado de bicicletas e menor de veículos de quatro rodas, explica. "E também é um local onde os carros não trafegam tão rápido". No cruzamento selecionado, a ID-advice instalou dois leitores Scirocco R610 RFID conectados a antenas Scirocco A100 para capturar cada tag UHF.
Até agora, 200 ciclistas da cidade usam etiqueta RFID na roda dianteira da bicicleta |
Foram escolhidas etiquetas Confidex Carrier UHF RFID, diz Westergaard, porque tiveram o melhor desempenho nesta aplicação, com base na distância de leitura, de 4 a 8 metros, e a facilidade de serem montadas em uma bicicleta. Além disso, diz ela, são leves. "Testamos muitas tags", afirma Westergaard, "mas esta foi o melhor para o protótipo".
A cidade, em seguida, distribuiu 200 tags para ciclistas da área. A tag foi presa na roda dianteira da bicicleta com uma braçadeira. Dois leitores, um de cada lado do cruzamento, foram instalados no local onde a ciclovia cruza a estrada, de modo que um ID de tag de bicicleta seja capturado.
Quando uma bicicleta está dentro do alcance, o leitor captura o número da tag - Electronic Product Code (EPC) - que, por razões de privacidade, não está relacionado a qualquer informação sobre o dono da bicicleta. O software no leitor interpreta o ID e envia instruções para o semáforo abrir para o ciclista.
O leitor também encaminha dados, por meio de uma conexão de celular, para a plataforma de software da Radical, para usar a experiência futuramente em outras cidades. As informações coletadas também são enviadas para uma plataforma de código aberto CKAN, onde os gestores públicos da cidade podem acessar os dados de tráfego.
O sistema tem se tornado popular entre os ciclistas, diz Overgaard. "É muito fácil de vender luzes verdes para ciclistas", ironiza. "Eles acham que é uma boa ideia e estão, naturalmente, interessados em viagens seguras e convenientes pela cidade".
Atualmente, o sistema está apenas sendo utilizado num teste-piloto limitado. "Se nós avaliarmos positivamente, planejamos instalar 1.000 tags de bicicletas e expandi-las para outros cruzamentos", relata Overgaard.
O projeto Radical está programado para terminar em fevereiro de 2016. No entanto, diz Westergaard, ID-advice espera que as instalações permaneçam em operação e que a cidade instale leitores adicionais na região central nos próximos anos.
"O futuro deste serviço não está completamente definido", afirma Overgaard, "mas vamos continuar trabalhando para regulamentar o tráfego de forma inteligente".
A próxima geração de solução de 2Green contará com uma nova tag projetada para ser facilmente encaixada nas bicicletas. Esta tag conterá um inlaySmartrac DogBone com um chip Impinj Monza 4D. "Nós testamos o Monza 4D Dogbone e o desempenho é muito bom", diz Westergaard. O sistema de próxima geração irá também incluir painéis solares para alimentar os leitores.
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