Apesar de nenhuma empresa estar imune aos impactos da crise, a inovação continua em alta e impulsionando negócios brasileiros com RFID dentro e fora do país
Por Edson Perin - RFID Journal Brasil
9 de março de 2016 - Muita gente me pergunta se o mercado de identificação por radiofrequência (RFID) também está sendo impactado pela crise brasileira, que elevou e mantém o dólar em alta – apesar da pequena queda dos últimos dias –, provoca desemprego e desestabiliza as empresas. Minha resposta começa sempre com uma mensagem simples de ser compreendida: em um momento como este, ninguém está imune à tempestade, pois todos estamos no mesmo barco. Ou seja, está sendo igualmente difícil para todos manterem até o entusiasmo das equipes de trabalho, diante de um cenário com perspectivas tão negativas e uma fragilidade institucional tão aparente e transparente para o mundo.
Há, porém, uma outra mensagem que costumo dar e que resulta da minha experiência de vida como brasileiro e jornalista, inclusive de política e economia, onde consolidei o meu início de carreira: nenhuma crise dura para sempre e quem souber tirar proveito dela estará mais forte no final desta fase. Já testemunhei histórias de empresas que conseguiram domar o dragão da inflação, despachar o fantasma do desemprego e até superar a montanha dos juros, para depois de tudo saírem prontas para atingir o sucesso. Não será diferente agora, embora as desilusões sejam maiores.
No caso das empresas de RFID, também não acho que será diferente. Sempre haverá empresários que – diante das mesmas dificuldades impostas a todos – farão as melhores escolhas, criarão saídas mais seguras e terão desempenhos acima da média, mesmo nos piores momentos. Para ser bom no mercado, não adianta querer acertar em tudo e nem ter zero erros, mas acertar o máximo e evitar danos maiores quando os erros forem cometidos. Porque simplesmente não há acertos sem erros – só precisam ser calculados.
No atual momento que estamos vivendo, as empresas brasileiras de soluções de RFID têm algumas vantagens. A primeira delas refere-se ao custo de software. Os aplicativos brasileiros são reconhecidos internacionalmente pela sua qualidade elevada e sempre são mais baratos, porque o custo de produção no Brasil – no caso específico do software – está abaixo dos mercados que produzem produtos compatíveis em termos de desempenho.
Além disso, com o dólar em alta, os preços do software brasileiro estão ainda mais convidativos, aumentando também a competitividade das empresas brasileiras de soluções de RFID. Porém, as empresas que estão colhendo bons negócios deste tipo já têm uma base estabelecida no mercado internacional, seja por meios próprios ou de parceiros. Já há um punhado de empresas brasileiras com atuação internacional no mercado de RFID. São empresas que perceberam que criar tecnologia de ponta exige atuar em mercados líderes para competir com as companhias que depois virão para o Brasil com soluções semelhantes em nível de igualdade.
Vale lembrar que o PIB do Brasil não chega a 1,5% do total mundial e que o dos Estados Unidos (EUA), por exemplo, supera os 30%. Ou seja, qualquer crescimento 1% no faturamento de uma empresa nos EUA é quase 20 vezes o que uma brasileira pode conseguir, numa comparação simplista e linear.
Outro facilitador da competitividade das empresas brasileiras está na inovação. Criar soluções que resolvem mais de um problema ou que utilizam recursos de outros recentes avanços tecnológicos está no DNA das startups tupiniquins. Eu conheço pelo menos três grandes inovações surpreendentes de empresários locais e que já estão sendo testadas ou avaliadas no exterior e no mercado interno, mas ainda não tive autorização das companhias de RFID para divulgar. Estou ansioso para escrever as matérias sobre os assuntos para o RFID Journal Brasil, mas as empresas ainda pediram um tempo.
Uma terceira vantagem das empresas de RFID em relação às de outros mercados ou mesmo em comparação com empresas de outros segmentos do mercado de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) reside no fato de as soluções serem eficientes para reduzir custos e aumentar eficiências, com automação. Ou seja, o Retorno sobre o Investimento (ROI) da RFID tem um prazo muito curto, chegando a seis meses, dependendo da solução. E todas as empresas precisam reduzir custos e ganhar eficiência em um momento de crise.
Então, não adianta sonhar com todas as manhãs de céu azul e muito sol, porque sempre teremos as tempestades, inundações e vendavais. O ideal deve ser concentrar o foco em enfrentar a tempestade, porque uma hora ou outra esta passa e quem estiver bem de saúde poderá tirar melhores proveitos do período de reconstrução. E, como o país sempre nos “premia” com tempestades inesperadas – e até (negativamente) surpreendentes –, talvez seja bom a gente melhorar a qualidade dos serviços públicos, pois isto sim fará total diferença nessas horas.
Edson Perin é editor do RFID Journal Brasil e fundador da Netpress Editora.
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